terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Função Social da Escola, dificuldades e demandas da comunidade

Função Social da Escola, dificuldades e demandas da comunidade.




A escola sempre ocupou um papel muito importante na sociedade. No princípio era privilégio de uma pequena minoria e assumia um caráter elitista. A escola privada sempre foi destinada aos filhos dos ricos, excluindo a grande maioria. As escolas públicas existentes também eram seletas e eram pagas para estudar. Com as mudanças advindas da República, a obrigação com a educação “pública e gratuita” passa a ser iniciativa do Estado. A escola mais uma vez assume uma função social muito importante à medida que funciona como aparelho ideológico e precisa atender às demandas da sociedade emergente. Muitos fatores externos influenciaram no campo educacional: a revolução industrial, o acelerado processo de urbanização e, conseqüentemente, a necessidade de mão-de-obra para atender a essa demanda. A partir do século XX mais especificamente nas décadas de 20 e 30, o acesso à escola começou a ampliar-se, em contrapartida as salas de aula não comportavam o contingente de alunos nem tão pouco os professores estavam preparados para essa realidade, gerando problemas de “qualidade” que persistem até os nossos dias. Surge a legislação brasileira e a LDB, todavia, sempre houve um descompasso entre as determinações legais e a realidade onde a escola estava inserida.

Neste cenário, a escola exercia a função social como responsável pela transmissão do saber sistematizado, modificando-se conforme as demandas da sociedade da época.
Já segunda metade do século XX, o grande desafio apresentado é o de integrar consciente e criticamente a escola, seus alunos e professores no universo da sociedade do conhecimento. A agricultura e a indústria são diretamente influenciadas pelas tecnologias e mais uma vez é cobrada da escola uma nova postura no sentido de rever seus conceitos mudando sua forma de ensinar e aprender com as tecnologias. Assim, mais do que nunca, uma das principais condições para o trabalho do educando nesse novo milênio é a sua capacidade de entender as mudanças, identificar problemas e as condições delas decorrentes, apontando alternativas educacionais que possibilitem uma educação pautada sob os princípios que norteiam a educação: aprender a conhecer, fazer, conviver e ser objetivando, sobretudo, o pleno desenvolvimento do ser humano enquanto cidadão. Trata-se, portanto, de romper com paradigmas que estão arraigados e com metodologias ultrapassadas, uma vez que estamos vivendo “passagem da sociedade industrial para a sociedade informacional”, e a escola não é mais concebida como monopólio do saber, pois hoje há um reconhecimento de que a educação acontece através de várias agências e os alunos precisam interagir com os conhecimentos assimilados.

A expressão “gestão democrática” foi incorporada ao glossário pedagógico da escola pública brasileira e, principalmente, nas últimas décadas tem sido muito difundida, pois sabemos que a participação é o principal meio de assegurar a gestão democrática na escola, possibilitando o envolvimento dos profissionais da educação, alunos e comunidades em geral na tomada de decisões e no funcionamento da organização escolar. Entretanto, podemos afirma que a democracia é um valor, ou seja, uma conquista estando expressa na Constituição Federal como também na LDB que é um documento que rege os princípios e normas da educação, sendo necessário por tanto, assegurá-la. Como processo, deve ser construída no cotidiano das relações escolares, pois sabemos que a escola não pode ser uma instituição isolada em si mesma, mas integrada e interagida com a vida social mais ampla.

Segundo Gadotti (1995), são necessárias algumas diretrizes básicas, dentre as quais estão: a autonomia da escola, incluída uma gestão democrática, a valorização dos profissionais de educação e de suas iniciativas pessoais. Dentre os caminhos buscados para efetiva democratização do ensino público é justamente a democratização da gestão do sistema educativo que busca envolver os setores mais amplos da sociedade: paz, moradores, movimentos populares dentre outros. No entanto, a escola tem enfrentado problemas subjacentes à participação dos usuários do serviço público educativo, pois a sociedade está tradicionalmente marcada pela subordinação e exclusão política e cultural e vê que a escola por si só pode cumprir a função social a ela destinada. Dessa forma, a gestão democrática deve ser um instrumento de transformação das práticas escolares e abertura dos “portões” da escola, deve ser precedida pela reformulação de sua proposta pedagógica. Sendo assim, com essa predisposição para as mudanças é que efetivamente se consolidará a gestão democrática e conseqüentemente, a melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem.

É importante enfatizar que cada escola possui sua identidade própria, sua cultura e, por isso, é importante que esta seja respeitada e contemplada em seu projeto pedagógico. Fortalecer a gestão da escola, influenciar no seu crescimento são possibilidades oferecidas pela gestão democrática bem sucedida.

Nessa perspectiva, entende-se que o povo de posse desse saber mais elaborado poderá vir a ter condições de se proteger contra a exploração das classes dominantes se organizando para a construção de uma sociedade melhor, menos excludente, e realmente democrática. Não se pode esperar que tal organização brote espontaneamente, mas sim por meio da educação que pode caminhar lada á lado com a prática política do povo. Assim, o profissional da educação assume aqui um papel sobre tudo político.

Educadores e educadores precisam engajar-se social e politicamente, percebendo as possibilidades da ação social e cultural na luta pela transformação das estruturas opressivas da sociedade classista. Para isso, antes de tudo necessitam conhecer a sociedade em que atuam, e o nível social, econômico e cultural de seus alunos e alunas.

É preciso considerar finalmente a prática pedagógica, mais especificamente na escola na qual trabalhamos. Façamos uma reflexão sobre o exercício da prática docente e ou em sua gestão educacional, revendo a realidade, buscando alternativas para alcançar a escola ideal, pois a real ainda tem muito a ser feita. Expectativas, curiosidades, vontade de crescer e mudar, são sentimentos que afloram nesse momento quando pensamos em uma educação de qualidade para TODOS.


Consulte o Módulo I do PROGESTÃO:
COMO ARTICULAR A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA COM AS ESPECIFICIDADES E AS DEMANDAS DA COMUNIDADE?
Editado por: José Antonio Aguiar Gama - DRE de Palmas / TO.
Escrito em Informes, Práxis Pedagógica

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